Na pedra mais branca
recosto a cabeça.
Que ninguém me impeça
de ver nela as penas
de mil almofadas.
Marítimas penas
de gaivotas mansas,
rasando enseadas
numa lenta dança.
Que hoje me adormeça
esta luz quebrada,
esta eterna esperança.
Maresias plenas
só o sonho alcança.
Na pedra mais pura
que o vento esculpiu,
encontro o enlace,
revelo o segredo
descoberto a medo
com dedos de frio:
inscrevo-lhe um nome,
como se o calasse.
Se o tempo parasse
agora, o navio
que na noite escura
contigo partiu,
talvez me levasse,
talvez naufragasse
na pedra mais dura
que jamais se viu.
Nas pedras que vejo
descanso o olhar.
Pedras muitas, tantas,
tão silenciosas
e tão preciosas
que só um desejo
as sabe contar.
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3 comentários:
Ai que agora me deste saudades das Pedras Muitas, de dois rostos deitados nelas, a ver passar o mar... perdidos em sonhos, desejos e paixões! Ai, ai...
Está lindo este!
Beijinhos
Olá Ana,
Parabéns mais uma vez por este poema, cada vez que "re-visito" os teus blogs, encontro coisas mais bonitas. Adorei.
Peço-te autorização para publicar este poema no meu blog. Vou ilustrá-lo com uma bela foto de umas almofadas fantásticas que há. (dia 5), ok?
Cumprimentos
Mário L. Soares
Ok, Mário, e obrigada.
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