De tudo tivesse eu tanta certeza
como a de poder dar um novo desenho aos teus gestos,
um novo sentido às tuas palavras,
um novo rumo aos teus passos,
um novo riso à tua boca,
uma nova rota aos teus voos.
De tudo tivesse eu tanta certeza
como a de intuir a fórmula secreta
de um nós desconhecido
que ainda nos espera algures,
entre brumas.
De tudo tivesse eu tanta certeza
como dessa única certeza que tenho,
a de saber que os nossos caminhos vêm de longe
e não se cruzaram por acaso.
Tudo fosse tão tristemente belo como essa certeza,
e, mesmo escoando-se o tempo
sem que ela deixe de ser inútil,
o mundo teria, pelo menos,
alguma harmonia.
(Rachmaninov - Piano Concerto No. 2 in C minor)