Envolta em furtivo manto
a vida nos afastou.
Pouco a pouco, em desencanto
o encanto se tornou.
E assim, sem dor, sem pranto
a antiga fonte secou.
Tivesse eu sabido ao certo
qual o exacto momento
em que o mar se fez deserto
e o olhar se fez lamento!
Ah, tivesse eu descoberto,
antes de o mar se escoar,
o preciso movimento
que faz o tempo parar...
E teria dado ao tempo
outro tempo de sonhar!
Mas sei agora que é tarde.
Há preciosos segredos
que se apagam, sem saber
da memória que os não guarde
e nos escapam entre os dedos
para noutras mãos se prender...
6 comentários:
E é assim que me sinto hoje.
Estes poemas têm tido esta caracteristica.
Como eu gostava de dizer as coisas assim... Nota-se alguma ponta de inveja?
É muito bonito e como tantos outros já encontrados por aqui, parece que foram escritos por uma alma vizinha, que mora bem na porta ao lado da minha. Coisas da vida...
Um beijinho Ana
Não, Sum, não se nota inveja nenhuma. Nota-se sintonia, que é uma coisa muito diferente!
E as almas vizinhas acabam por encontrar-se, mais cedo ou mais tarde...
Um beijinho
Oi Ana
Aqui, do outro lado do atlântico, também sinto como se vc fosse minha alma vizinha, tal o efeito dos teus textos nas minhas emoções.
Obrigada.
Um abraço e continues a escrever coisas tão lindas assim.
Sente-se por vezes a solidão partida
de uma época, mas depois, a fonte caba sempre por jorrar um pouco mais de alento no amanhã de cada dia.
Lindo
Bj.
Ana, que esse texto a encontre em boa hora.
Acabo de te espiar, cá do Brasil.
Seu texto me comove. Vi-me um pouco nele, inclusive de minha pena.
O tempo sempre nos leva embora, nos toma inclemente.
Mas queria saber de ti. Mais do que pude ver aqui.
deixo-te meu blogue
www.amulherzinha.zip.net
e meu e-mail:crisnobre@hotmail.com
quem sabe os corações quebrem impedimentos, cegamente
Cris Nobre
Antonia, muito obrigada.
É verdade, Mateso.
Muito obrigada também a você, Cris. Vou espreitar o seu blogue.
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