sexta-feira, 2 de maio de 2008

Talvez eu volte a voar

Diz-me que viver não é
só este manso existir
que me abandono à maré
sem forças para resistir
na lucidez de quem vê
todos os sonhos partir
Diz-me que cada ilusão
traz renovadas magias
que é tão grande a tentação
de deixar correr os dias
sem lhes dar uma razão
sem lhes vestir fantasias
Diz-me, diz-me, que eu preciso
de voltar a acreditar
que quem busca o paraíso
talvez o possa encontrar
por momentos, num sorriso
por instantes, num olhar
Diz-me, sim, mesmo que temas
que eu já não possa escutar
faz das palavras poemas
dá-lhes a força do mar
palavras quebram algemas
talvez eu volte a voar...


(Mendelssohn - Concerto para violino en Ré menor)

5 comentários:

sum disse...

Olá Ana,
Também este tem um bocado de mim.
Gosto sempre quando um poema fala sem cerimónias comigo.
Um Beijinho

ana v. disse...

Acho que todos nós, em alguma fase da nossa vida, estivemos ou iremos estar neste impasse. E muitas vezes a salvação vem de dentro de nós próprios, e não de fora como pensávamos que seria.
Um beijinho, Sum.

Anónimo disse...

Olá Ana


Também acho. Não haverá quem não tenha passado por momentos destes.
E como bem dizes, a salvação está sempre dentro de nós e só dentro de nós.

Beijinho

estrelicia esse disse...

Acabei de chegar do Porta do Vento e confesso o meu espanto. Afinal, o paraíso está dentro ou fora de nós? Ou haverá mais do que um paraíso? Um ao Norte, outro ao Meio-dia, um ao Nascente, outro ao Poente?
Quem busca sempre alcança, é mesmo verdade? Ou é tudo miragem e renovada magia?

ana v. disse...

Essas são as perguntas fundamentais, Estrelicia... não sei se haverá resposta para elas, mas há que continuar a procurá-las!