A névoa estendeu o manto
rasgam-se os olhos de espanto
tudo é bruma
tudo é espuma e maresia
a areia ensaia uma dança
de torpor
ao sabor da ventania
Praia das Maçãs
onde ladrilho a saudade
em nebulosas manhãs
A nortada não acalma
um remoinho na alma
pé-de-vento
ao relento da alvorada
A falésia tinge de ouro
o imenso sorvedouro
do passado
no brado da madrugada
Praia das Maçãs
onde é agreste a verdade
de mil ventos tecelã
Senhora das tempestades
leva contigo as saudades
de outros dias
litanias de cetim
Enleia em algas molhadas
as lembranças condenadas
e os presságios
dos naufrágios que há em mim
Praia das Maçãs
onde só o mar invade
os incertos amanhãs
(Ennio Morricone - Canone Inverso)