no tear da página branca
e é a Vida que teces nas palavras.
Com mãos hábeis
tiras cada fio de tempo
da meada da memória
cada momento quase perdido
delicado e frágil
estudas-lhe a cor
buscas nele o longínquo brilho
que um dia te encantou
e dás-lhe, refeita, a antiga luz
que o traz de novo à vida.
Assim entrelaças
com paciência
e infinito cuidado
os insondáveis fios
de que são feitas as palavras.
Do tear da página
agora colorida de lembranças
vai nascendo um precioso manto
que me envolve
abriga
e agasalha.